Enquanto
marinheiro do mar da vida, já tive muito do que me orgulhar... já fui o
timoneiro de um veleiro jovem, forte, bonito, bem acabado com finas
velas, dotado de alguns refinados dons. No passado meu navio era capitaneado por Jesus Cristo, e com certeza passamos muitas coisas juntos.
Todavia em algum momento da jornada, percebi que o meu capitão havia
sido convidado por mim a se retirar de meu barco. E não o fiz de forma
consciente, isso aconteceu aos poucos.
A tentativa de achar que eu
sabia o que era melhor, achar que teologia, religião, metas, alvos me
deixaram mais próximo dEle... fui me enganando, me entorpecendo...
Comecei a almejar uma navegação mais venturosa, com mais paixão, mais
vida, mais emoção... e foi me desviando da rota original para singrar
águas misteriosas e inexploradas.
Quando percebi, meu barco já
havia sido engolido por uma tormenta, que parecia vir de todas as
direções, principalmente de baixo.
Ao invés de virar o leve
imediatamente e retornar a rota segura, convicto e autoconfiante,
agarrei-me ao leme de minha vida, e rangendo os dentes com os olhos
flamejantes de fúria, me arremeti de vez para dentro da tempestade
assoladora... Queria provar para mim mesmo que eu conseguiria, que eu
seria capaz de manter o barco de minha vida a prumo sem adernar, pois
agora eu era o capitão...
A tempestade desabou sobre mim, dia
após dia.
Navegando, não vi mais a luz do Sol, nem o brilho das
estrelas... o dia e a noite tornaram-se uma coisa só.
O som das
poderosas vagas chocando-se contra o meu casco, que não era tão forte
quanto eu pensava, a visão dos ventos rasgando minhas velas, e
despedaçando os mastros, antenas, bandeiras.
O meu veleiro foi se despedaçando, e fui perdendo para as águas escuras os meus mais preciosos tesouros.
Diante de tamanho desespero, busquei auxílio em medicações que
anestesiavam minha mente, ou em prazeres que anestesiavam minha alma e
coração...
Mas tais atitudes não rendiam nenhum resultado positivo, antes pelo contrário, me fizeram sentir o mais agudo vazio.
Finalmente o casco de meu veleiro partiu-se sob meus pés, e para não
ser tragado com ele, tive que pular na água gelada, assistindo com o
auxílio dos raios que cortavam a noite, aquele que fora um lindo e capaz
veleiro estava aos pedaços.
Agarrei-me a um pedaço de
madeira que flutuava ao meu lado... e achei que esse seria o fim... pois
aquela boia improvisada foi tudo o que sobrou, e ali na revoltosa e
escura água gelada, quando tempo mais eu poderia durar??
Silenciei, e minhas lembranças me levaram de volta a idos tempos, dias
de sol, brisa suave, e embarcação intacta... fechei os meus olhos, e
esperei o fim, embalado por essa lembrança.
Mas, ouvi um
voz... e para minha surpresa e espanto, havia alguém em pé ali ao meu
lado. Isso mesmo, em pé! E conhecedor das escrituras que sou, sabia que
só havia uma pessoa capaz de caminhar sobre as águas.
Sim, era ELE,
meu antigo capitão, que abandonei em algum porto desta vida... ali estava
ELE! Não se importou com o vento, nem fez conta da chuva.
Perguntou-me se ainda o queria como capitão.
Ao que lhe respondi... Sim meu SENHOR, todavia, não existe mais o que
capitanear, não há mais barco algum... tudo se perdeu. Existe apenas
esse pedaço de madeira, em que me seguro.
E Cristo inclinando-se a
mim, me disse: "Ainda que seja apenas um pedaço de madeira, oferece-o a
mim, permita que eu seja seu capitão de novo" não importa a embarcação,
mas sim seu capitão.
Quero declarar aqui, aos portos do mundo,
aos poderes confederados do ar e do mar... que aceitei o convite de
Jesus. Não tenho mais barco para convidá-lo a entrar, mas se Ele
consente ser capitão deste pedaço de madeira, assim será!
Quando lhe disse que não havia mais barco para convidá-lo a entrar, ELE
me respondeu, NÃO PRECISO DE BARCO, POIS ANDO SOBRE AS ÁGUAS! Mateus 14.
Quando pedi perdão por minha loucura e pelo que havia feito com minha
vida e meu barco, ELE me disse: " Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas
transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro." Isaías
43:25
Quando lhe disse que estava cansado, e que não teria
mais forças para me segurar sobre a madeira flutuante, ELE ME RESPONDEU:
"Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu
Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha
justiça. Isaías 41:10
Quando eu disse que estava com medo da
tempestade, ELE me prometeu que iria acalmar o vento, e fazer o mar se
aquietar, pois sabia como fazer isso. Marcos 4:39
Prometeu-me ainda, enxugar minhas lágrimas, e conduzir minha vida ao seu porto de eterna paz, chamado Nova Jerusalém.
Enfim... DEUS É BOM! Posso até navegar sobre um pedaço de madeira, mas
estou feliz e em paz, por saber que outra vez, eu tenho um CAPITÃO!
OBRIGADO SENHOR.
Juliano Cruz.